Sunday, June 11, 2017

A sagrada família


Hoje de manhã estava sentada ao lado dessa imagem.
Ela é bem grande, e sempre me confundo chamando-os de Grande (ao invés de Sagrada) Família.
Eu juro que não é heresia. É o sentimento de me sentir pequenina perante a simbologia dessas três inspiradoras figuras.
Então minha mente, sempre inquieta, começou a rascunhar algo.
Eis aqui o resultado:

Existe um fio invisível que une o passado dos ascendentes ao presente dos descendentes.
Há uma história que se perpetua em um infinito continuum, passada de geração a geração, em busca do eterno progresso da linhagem.
Pais abrem os caminhos para os filhos, pavimentando a jornada individual inerente de cada ser.
Filhos são guiados pela luz dos valores que lhes foram conferidos, enquanto apreendem e aplicam, por conta própria, novas formas de ser e ver.
Ao que inicialmente  aparenta ser uma divisão, nada mais é que a multiplicação dos significados raízes. A evolução da árvore genealógica em galhos e folhas e flores. A extensão da herança genética, que mais do que um arranjo molecular, é o prolongamento da biografia de uma família, com o distinto desabrochar de cada filho.
É o misterioso balanço da permanência na impermanência.
É a inevitável identificação do eu no ele.
É o difícil enfrentamento do desconhecido, de quem vai e de quem fica.
Mas é o conforto em saber que, mesmo aqueles que amamos já partiram, permanecem fundidos em nós, no alicerce da nossa construção original.
Esse é o poder do divino: dar sequência à vida, mesmo quando aparentemente não há mais vida.
Esse é o poder do homem: o desenvolvimento e aprimoramento progressivo de nossas personalidades individuais e coletivas.
Filhos aprendem com pais.
E pais aprendem com filhos.
Dói, dá prazer, reconforta, gera dúvida, assusta, fortalece, encoraja, atribula, confronta, apega e gera o mais difícil, confuso e sublime sentimento de amor.
É dual, sem a menor dúvida.
Mas não há nada mais sacro nesse mundo que a família.

Um beijo no coração!

No comments:

Post a Comment