Tuesday, June 20, 2017

Jogando Tetris para viver



Ontem perguntei ao meu marido como havia sido o seu dia de trabalho e ele disse algo que me arrancou uma sonora gargalhada: “Meu dia foi normal. Sabe como é, sempre jogando Tetris.”
Quem conhece o jogo, pode compreender com facilidade o que ele quis dizer.
A vida está constantemente nos enviando pecinhas, e cabe a nós tentarmos encaixá-las da maneira mais harmoniosa possível.
Às vezes, o jogo é favorável, encaminhando formatos de fácil junção, como aqueles momentos prazerosos que a gente acolhe de braços abertos e sorriso no rosto: as férias de julho, o acordar preguiçoso de um domingo, a cerveja no bar com os amigos, a festa de fim de ano, casamentos, nascimentos, aumento de salário.
Só que o jogo tem muitos outros elementos além dos simples cubos e barras. São os X, W e Z do Tetris que realmente dificultam nossa vida. E daí, dá-lhe samba do crioulo doido para encaixar aquela droga de batida no carro, as cobranças do chefe, os gritos estridentes dos filhos clamando por atenção, quando o que nós mais queremos é nos jogarmos no sofá e assistirmos TV em paz, os desentendimentos com nossos pais/ cônjuge/ amigos/ vizinhos/ políticos/ aquela pessoa desrespeitando o assento preferencial no busão/ Deus/ adicione aqui outra pessoa, ser ou coisa que nos atormenta.
Pois é, meu amigo, tem peça que é difícil de juntar na construção da nossa base. Mas elas vêm mesmo assim e não há nada que nos reste fazer, a não ser olhar para o que temos, olhar para o que nos é oferecido e resolver o desafio da maneira que dá.
Pode não ficar perfeito, mas a evolução não irá parar por isso.
Buracos vão surgir entre as emendas, impossíveis de serem preenchidos. Mas tudo bem, faz parte do jogo.
Nem sempre temos o espaço para receber, naquele momento, o que vem a nós. E se isso cria uma fenda, deixemos-nas lá, sem a cobrança de ser outra coisa. Ela faz parte dessa fase. Na próxima, quem sabe seja possível tentarmos uma jogada diferente.
O importante é manter a calma e o foco quando um bloco difícil descer pela tela. Ele pode até não ser o que nós queríamos, mas ele irá, invariavelmente, se ajustar do modo que nós o direcionarmos.
Essa é uma condição irrevogável e ainda bem! Pois aí está o verdadeiro poder do jogador: escolher o como.
Como resolver satisfatoriamente um conflito, como agir perante os inevitáveis problemas, como transformar um sofrimento improdutivo em um aprendizado construtivo. Enfim, como será nossa atitude.
Porque mais do que apenas sobreviver à aflição dos irregulares pedaços do Tetris da vida, o que vale é como vamos utilizar aquele tempo que nos é dado, e a escolha na composição do nosso desenho, fase após fase, até a hora do game over.

Um beijo no coração,




Thursday, June 15, 2017

No dia que virei uma sereia (ou quase)

Ano passado eu estava fazendo (finalmente!) aula de canto.

Eu A-DO-RO cantar, mas não me peça para fazê-lo em público que eu começo a suar frio, a garganta seca, dói a barriga...você sabe como é.
Então coisas aconteceram e parei as aulas por um tempo.
Se irei retomá-las? Não sei.
Se continuarei a cantar por conta própria, mesmo que "errado?" Com certeza!
Se um dia, enfim, cantarei para um público (além dos meus ouvidos)? Bom, nunca diga nunca, né não?

Enquanto isso, aqui está a gravação de uma daquelas aulas.

A música é do meu desenho favorito da Disney, A Pequena Sereia, e se chama Part of your world.

E por favor, perdoem minha incapacidade de me manter no enquadramento. Me empolguei em ser uma sereia cantante! 😜


Um beijo no coração!



















Sunday, June 11, 2017

A sagrada família


Hoje de manhã estava sentada ao lado dessa imagem.
Ela é bem grande, e sempre me confundo chamando-os de Grande (ao invés de Sagrada) Família.
Eu juro que não é heresia. É o sentimento de me sentir pequenina perante a simbologia dessas três inspiradoras figuras.
Então minha mente, sempre inquieta, começou a rascunhar algo.
Eis aqui o resultado:

Existe um fio invisível que une o passado dos ascendentes ao presente dos descendentes.
Há uma história que se perpetua em um infinito continuum, passada de geração a geração, em busca do eterno progresso da linhagem.
Pais abrem os caminhos para os filhos, pavimentando a jornada individual inerente de cada ser.
Filhos são guiados pela luz dos valores que lhes foram conferidos, enquanto apreendem e aplicam, por conta própria, novas formas de ser e ver.
Ao que inicialmente  aparenta ser uma divisão, nada mais é que a multiplicação dos significados raízes. A evolução da árvore genealógica em galhos e folhas e flores. A extensão da herança genética, que mais do que um arranjo molecular, é o prolongamento da biografia de uma família, com o distinto desabrochar de cada filho.
É o misterioso balanço da permanência na impermanência.
É a inevitável identificação do eu no ele.
É o difícil enfrentamento do desconhecido, de quem vai e de quem fica.
Mas é o conforto em saber que, mesmo aqueles que amamos já partiram, permanecem fundidos em nós, no alicerce da nossa construção original.
Esse é o poder do divino: dar sequência à vida, mesmo quando aparentemente não há mais vida.
Esse é o poder do homem: o desenvolvimento e aprimoramento progressivo de nossas personalidades individuais e coletivas.
Filhos aprendem com pais.
E pais aprendem com filhos.
Dói, dá prazer, reconforta, gera dúvida, assusta, fortalece, encoraja, atribula, confronta, apega e gera o mais difícil, confuso e sublime sentimento de amor.
É dual, sem a menor dúvida.
Mas não há nada mais sacro nesse mundo que a família.

Um beijo no coração!